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Nem bem o sol despontou, por volta das 5h30, já estávamos acordando. E que despertar incrível! A primeira imagem do dia foi a vista dos imponentes montes Kukenán e Roraima, erguidos como guardiões ancestrais, revelando sua majestade sob a luz suave do amanhecer. Um cenário digno de uma pintura, que nos fez sentir pequenos diante da grandiosidade da natureza.
Às 7h30, fomos recebidos com um café da manhã revigorante, essencial para nos preparar para o dia que nos esperava. Havia uma espécie de massa parecida com empanada, chamada “domplin”, acompanhada de ovos e queijo. Para completar, tomamos um suco de limão fresco, que nos energizou e refrescou.
Após o café, fiz uma breve pausa para estrear a barraquinha do “número 2”, um momento que se tornou especial pela vista privilegiada que ela oferecia para o Kukenán. A paisagem já se mostrava como uma companhia constante e inspiradora.
Por volta das 8h30, reunimos nossos equipamentos e demos início ao segundo dia da expedição. Em nossa primeira missão do dia, atravessamos o rio Ték. Felizmente, a travessia foi tranquila, pois as águas estavam calmas e rasas. Recebemos a dica de usar meias de algodão para ajudar a evitar escorregões durante a passagem, e funcionou bem. Continuamos o trajeto de papete e meia, pois outros pontos molhados estavam à frente.
A trilha logo nos levou até a Eremita de Santa Maria de Tokwono, um local com uma história interessante. Construída nos anos 90, essa ermida era vista como um templo sagrado próximo ao Monte Roraima. A construção dela foi inspirada pela crença de que o mundo poderia acabar na virada do milênio, então um templo nas proximidades de outro “templo natural” poderia ter uma importância espiritual. Hoje, ela é usada apenas durante festas religiosas, como o Natal e Corpus Christi. A Eremita fica a aproximadamente 1 km do nosso acampamento, e a trilha até lá é serena, oferecendo uma boa oportunidade para contemplação.
Cerca de vinte minutos depois, chegou a hora de atravessar o rio Kukenán. Essa passagem exigiu um pouco mais de esforço, pois o rio é mais extenso do que o anterior. Além disso, aqui ocorre o encontro de dois rios que, juntos, formam o Kukenán. Aproveitamos esse momento para descansar enquanto aguardávamos o restante do grupo. Após a travessia, continuamos até o acampamento do rio Kukenán, ainda com as meias e papete.
Seguimos adiante e, para nossa surpresa, logo nos deparamos com a cachoeira Arapopena, um dos pontos mais bonitos da expedição até agora. Ela é composta por cascatas que parecem dançar ao som do vento e cria um contraste impressionante com o Monte Roraima ao fundo. A cachoeira tem um poço irresistível, que convida até os mais relutantes a darem um mergulho. A água não estava tão fria e, para quem gosta de aventura, há a opção de pular de uma pedra próxima. Eu me contive, lembrando que agora sou pai e mais cuidadoso. Para quem deseja aproveitar o poço, é cobrada uma taxa simbólica de R$10, pois é uma pequena trilha fora do caminho principal.
Com botas nos pés novamente, retomamos a trilha. Nesta parte, o percurso começou a se tornar mais íngreme, e o peso da caminhada foi aumentando. Cada passo exigia mais esforço, mas a beleza do lugar e a motivação do grupo nos mantinham firmes. Saber que estávamos todos juntos, compartilhando desafios e conquistas, criava uma sensação de unidade e superação.
Por volta das 12h50, chegamos à metade do percurso do dia, uma boa hora para parar para o almoço. No Acampamento Militar, o cardápio foi batata cozida, cenoura, ovo e pão, acompanhados de suco de pêssego. Foi uma refeição simples, mas nutritiva, e nos deu a energia que precisávamos para a segunda parte do trajeto. Esta pausa também serviu como um momento estratégico para recuperar o fôlego, pois ainda tínhamos um longo caminho pela frente.
Depois do almoço, por volta das 13h50, enfrentamos o segundo trecho de subida do dia. Essa foi, sem dúvida, a parte mais desafiadora. A subida parecia interminável e exigia um ritmo constante, mas adaptado ao cansaço. Fizemos várias paradas ao longo do caminho, e cada pausa era uma chance de contemplar os montes, que de vez em quando surgiam quando as nuvens se dissipavam. Tivemos até a sorte de ver um arco-íris em meio à mudança constante entre o sol e uma chuva fina. Esse clima instável nos obrigava a colocar e tirar as capas de chuva várias vezes, uma dança que se tornou parte da experiência.
Finalmente, por volta das 16h30, alcançamos o acampamento base. A sensação de alívio e realização foi enorme. O acampamento já estava organizado e pronto para nos receber. Arrumei minhas coisas na barraca e, depois de respirar um pouco, comecei a reunir coragem para encarar o banho.
Chegar ao local do banho envolvia uma trilha de cinco minutos até um poço pequeno. No entanto, a água era de uma frieza quase congelante, e os guias haviam avisado que essa era, provavelmente, a água mais fria que iríamos enfrentar em toda a viagem. Para dificultar um pouco mais, a neblina ficou mais densa e começou a chuviscar novamente.
Mesmo assim, encarei o banho, e ao retornar para a barraca, uma chuva forte se iniciou, acompanhada de trovoadas. A intensidade da chuva nos fez permanecer nas barracas, e os guias acabaram trazendo nosso jantar diretamente para cada um. A refeição foi arroz, banana e carne, um jantar simples, mas saboroso, perfeito para finalizar um dia de esforço.
Com o som da chuva e dos trovões lá fora, todos ficaram recolhidos nas barracas, descansando e se preparando para o próximo dia, que promete ser o mais exigente da expedição. A ansiedade e o cansaço se misturam, mas sabemos que tudo isso valerá a pena.
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